«Não há maior dádiva do que o amor de um gato»
(Charles Dickens)

sábado, 21 de janeiro de 2012

O GATO – ESSA MARAVILHOSA CRIATURA

Os gatos são, para a maior parte das pessoas, animais enigmáticos que dificilmente deixam transparecer os seus sentimentos. Porém, para quem os conhece bem e convive com eles, essa decifração torna-se fácil e é fascinante a descoberta do que os nossos companheiros felinos sentem em relação a nós e aos seus congéneres. E, é assim que se estabelece uma relação harmoniosa e duradoura, na qual o nosso gato passa a ser o nosso amigo, o nosso companheiro, um membro da família. Quando o nosso gato morre, já velho ou precocemente levado por uma doença ou por um infeliz acidente, sentimo-nos perdidos e desamparados.
      A perda de um animal de estimação é, para a maioria das pessoas, equivalente à perda desse melhor amigo ou, mesmo, de um membro da família. Não é fácil lidar com uma ou com outra. Os verdadeiros amantes dos animais têm sempre tendência a encará-los como seus iguais e semelhantes e esperam tê-los a seu lado por um tempo muito superior ao que a sua natureza lhes permite. Quando chega ao fim, a vida desse ser com que se habituaram a partilhar o seu quotidiano e de quem dependem emocionalmente da mesma forma que ele depende total e inteiramente do seu guardião, amigo e companheiro, o choque é traumatizante e nem sempre bem resolvido e compreendido pelos que os rodeiam.
      O meu conselho para ultrapassar a perda de um animal de estimação é, sem dúvida alguma, arranjar outro (ou outros) que possam preencher o vazio que fica na nossa alma e na nossa casa. Não quer isto dizer que um novo animal de companhia vá ocupar ou substituir o lugar do que partiu. De forma alguma! Cada um deles é insubstituível, à semelhança do que se passa com os seres humanos. Dos meus doze gatos, nenhum é a cópia um do outro. Cada um tem manias únicas e muito próprias. Podem ter hábitos e gestos comuns, mas executados com ligeiras diferenças, às vezes imperceptíveis para um observador menos atento. Cada um dos meus “queridos amigos” que já partiu deste mundo, deixou uma marca singular, como um bilhete de identidade, que eu recordo com saudade mas também com um sentimento de prazer e agradecimento por ter podido partilhar essa experiência tão rica e gratificante.
      São inúmeras as vantagens de se ter um gato. Atraem as forças negativas que pairam ao nosso redor, segundo estudos efectuados ao nível espiritual. Porém, a maior de todas e que tem sido amplamente divulgada a nível científico, está relacionada com as capacidades curativas que o ronronar destes animais produz nos seres humanos. Afagar um gato tem um efeito calmante e relaxante, mas afagá-lo enquanto ele ronrona tem, por exemplo, o efeito de baixar a tensão arterial, prevenindo doenças cardíacas. Segundo estudos médicos, o ronronar dos gatos tem o mesmo efeito que vibrações de 20 a 50 Hz, a baixo volume, utilizadas para aumentar a densidade óssea de pessoas com problemas como, por exemplo, a osteoporose.
      No caso de pessoas idosas, possuir, cuidar e afagar um gato faz com que estabeleçam laços fortes com outro ser vivo, ajudando a quebrar a solidão e apatia que surgem, frequentemente, nessas idades e que conduzem à depressão e ao desinteresse pela vida. Nos Estados Unidos é muito comum a utilização de terapias com gatos em centros de doentes com Alzheimer. Os felinos conseguem fazer com que estes doentes, muitas vezes incapacitados, estabeleçam novamente ligações perdidas com familiares e cuidadores. Uma estória comovente é a de um gato chamado Flea, já com 12 anos, que costumava fazer terapia com doentes de Alzheimer, num centro de uma cidade americana. Durante alguns anos ele visitava diariamente Margie, uma senhora idosa, que se encontrava já nos estádios mais avançados da doença, criando-se entre ambos uma forte ligação. Um dia, Margie teve um grave AVC durante a noite e, prevendo-se um desenlace fatal, a família foi chamada à sua cabeceira. Flea e a sua cuidadora iam para a visita habitual mas, dadas as tristes circunstâncias, afastavam-se já do quarto quando uma das filhas da doente os viu, reconhecendo o gato de que a mãe falava frequentemente. Pediu então à dona de Flea que o levasse junto da doente, ao que ela anuiu tendo colocado o gato sobre a cama, encostado ao corpo da idosa moribunda. Ele imediatamente se aninhou no seu antebraço e começou a ronronar e a ‘amassar’. Margie, sem abrir os olhos, virou a cara para o lado onde estava Flea, como se o estivesse a ver, esboçou um sorriso, deu um longo suspiro e expirou!
      Esta é uma estória comovente, mas não é única, isolada… Há, também, a estória de Oscar, o gato residente em Steer House, um centro para idosos em Rhode Island (Providence), nos Estados Unidos, que até já passou para livro. Oscar consegue ‘prever’, de forma quase infalível quando se aproxima a morte de um paciente, visitando-o cerca de duas horas antes do desenlace e deitando-se junto a ele. Segundo Thomas Graves, perito em felinos da Universidade de Illinois, este comportamento é perfeitamente normal num gato: “Os gatos sentem com frequência quando os donos estão doentes ou quando outro animal está doente. Podem sentir quando o tempo vai mudar e é conhecida a sua capacidade para pressentir sismos”. Em Steer House, acreditam nos benefícios terapêuticos da companhia de animais. Ao longo dos anos este centro acolheu diversos animais, incluindo numerosos gatos, periquitos, um coelho orelhudo e vários visitantes caninos numa base regular, que transmitem com a sua presença e o seu conforto benefícios para todos os pacientes, tornando-se mesmo uma forma de vida em Steer House.  
      A terapia com animais, nomeadamente com cães e gatos, é amplamente utilizada há já largos anos nos Estados Unidos e noutros países europeus também em crianças com deficiências motoras e do foro neurológico, produzindo melhorias extraordinárias nos pacientes. 

Sem comentários:

Enviar um comentário